Desemprego: Psicólogos trabalhistas têm relacionado o desemprego com o luto

Pr. Nelson Salviano da Silva

É sabido que mais de 300 milhões de pessoas estão desempregadas nos países em desenvolvimento do Terceiro Mundo e que isso representa, aproximadamente, 35 por cento da força de trabalho. Além disso, parece certo que, pelo menos no futuro imediato, o problema se agravará. As nações em desenvolvimento se tornarão mais e mais industrializadas e competirão no mercado mundial. Os computadores continuarão diminuindo o trabalho das pessoas nas fábricas, nos campos e até no diagnóstico de doenças.

No entanto, o desemprego não é um problema de estatística, mas de sofrimento físico e psicológico das pessoas. É uma tragédia pessoal e social mordaz. Psicólogos trabalhistas têm relacionado o desemprego com o luto: a perda do trabalho sendo semelhante, em termos, à perda de um parente ou de um amigo.

Ao ouvir que estão demitidas, algumas pessoas entram em choque: ficam iradas e sentem-se rejeitadas e rebaixadas. Sua autoimagem sofre um golpe cruel, que resulta em conflito na vida familiar, principalmente se não puderem mais sustentar seus dependentes. Depois disso, vêm a depressão e o pessimismo: as economias vão se acabando e a perspectiva de vida se torna cada vez mais sombria. Por fim, chega o fatalismo: após muitos meses desempregadas e frustradas com as inúmeras respostas negativas aos pedidos de emprego, a energia e a esperança dessas pessoas declinam e dão lugar ao espírito de amargura e ao sentimento de total desmoralização. O desemprego, portanto, é um pesadelo que vem tirando o sono de muita gente no mundo. Só no Brasil há milhões de pessoas desempregadas há mais de um ano.

O trabalho foi instituído por Deus na criação. O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e para cuidar dele (Gn 2:15). A ordem de Deus foi que o homem povoasse e sujeitasse a terra e mantivesse o domínio sobre todo ser vivente (Gn 1:28). Mais tarde, isto foi incorporado aos Dez Mandamentos: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra” (Êx 20:9). Portanto, negar ao homem a oportunidade de trabalhar é negar a ele a chance de desempenhar sua natureza e as leis básicas pelas quais Deus ordenou que cada homem viva sobre a terra.

No mundo de hoje, com sua ênfase no material, a seguinte equação é sempre proposta: “falta de emprego = falta de dinheiro = falta de vida”. Apesar de ser uma visão errada da vida, deveria ser levada a sério. Quando a falta de dinheiro se torna uma ansiedade tal que causa preocupação cada hora do dia, então essa equação é totalmente compreendida.

O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, apresenta o problema num contexto absoluto e nos exorta a viver contentes com o suprimento de nossas necessidades básicas, o alimento e a vestimenta: “É grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (1Tm 6:6-8). Contudo, poucos desempregados têm suas necessidades básicas supridas. São impossibilitados de sustentar a própria família, isso por não terem tido oportunidade de estudar ou por não terem acompanhado o progresso ou por consequência de políticas equivocadas.

A Palavra de Deus impõe-nos uma responsabilidade: precisamos cuidar das pessoas, compartilhando o que temos recebido do Senhor. Há várias maneiras de socorrer os desempregados, seja agindo individualmente, seja como membros de uma igreja. Gostaria de sugerir algumas.

1) Contribuir para o sustento das famílias. Um dos temas centrais do discipulado cristão é a contribuição. Isso deve ser um fluir natural de nossa gratidão a Deus e de nosso amor ao próximo. Devemos manter comunhão com eles, orar pelo problema que estão enfrentando e traduzir em ação direta os preceitos bíblicos sobre mordomia socorrendo os que estão em dificuldade (Am 8:4-6; Lc 10:25-37; Dt 15:7-11).

2) Mudar nossa atitude com relação ao desempregado e persuadir os outros a fazer o mesmo. O mais importante é rejeitar qualquer sentimento de superioridade. A grande maioria dos desempregados deseja trabalhar, mas não encontra emprego. São vítimas da recessão e de novas tecnologias. Há, portanto, necessidade de compaixão cristã para com eles e mais cuidados pastorais. A frase do apóstolo Paulo: “Se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2Ts 3:10) refere-se ao desemprego voluntário, não ao involuntário.

3) Toda igreja local pode tomar uma iniciativa. Por exemplo, desenvolvendo planos para utilizar as dependências da igreja que ficam ociosas em alguma parte do dia, especialmente para prestar serviço à comunidade, ou utilizando a mão de obra de pessoas desempregadas. Assim, além de comunidade de adoração, a igreja também se tornará comunidade de serviço.

4) Criar um grupo de oração e de aconselhamento aos desempregados. Uma ou duas reuniões semanais são suficientes para que eles se sintam aceitos no grupo e tenham suas necessidades supridas mediante as respostas às orações.

 

Nelson Salviano

É ministro do Evangelho, bacharel em Teologia, mestre em Missões e Estudos Transculturais pelo All Nations Christian College (Inglaterra). Especialista em Pregação Expositiva pelo Cornhill Training Course (Inglaterra). Cursos livres de Liderança Avançada pelo Haggai Institute (Cingapura) e Técnicas de Publicação pelo Cook Communications Ministry (Colorado Springs, EUA). Professor de Homilética, Missiologia, Liderança Cristã e Princípios para Estabelecer e Atingir Alvos. Fundador e professor da ESCALE. É casado com Márcia Eller e pai de dois filhos: Camila e André. Autor dos livros O pregador e a pregação, Transforme seus sonhos em realidade e Influência transformadora.

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