Certa vez, perguntaram a um pregador qual o lugar que ele entendia ter na história. A resposta foi: “Bom, é fácil para nós pensarmos em pessoas como Moisés, Samuel, Davi, Daniel, Paulo… os quais exerceram muita influência em seus dias, mas o que dizer sobre mim mesmo? Será que eu ocupo um lugar na história?” Paulo nos diz que cada filho de Deus tem um lugar na história: “Somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10). Isso significa que cada um de nós tem uma função a exercer no serviço do Reino de Deus.
Pensemos de modo mais específico sobre a vida de dois grandes personagens do Velho Testamento. O primeiro deles é Davi. Em Atos 13:22, Davi é maravilhosamente descrito como “um homem segundo o coração de Deus e que fará tudo quanto agrada a Deus”, e continua no v.36, “Davi serviu ao conselho de Deus em sua geração”. A despeito de seus fracassos e pecados, sua vida foi usada para cumprir o propósito de Deus naquela geração. Eu creio que o mais importante para nós é encontrarmos nosso lugar nesta geração e, assim, cumprirmos o propósito de Deus em nossas vidas. Numa novela inglesa, tragicamente se diz, a respeito de um certo grupo de pessoas, que não faria diferença nenhuma se eles não tivessem existido. Que isso jamais seja dito a respeito de um cristão! No final das nossas vidas, a pergunta que teremos que responder a nós mesmos é: “Qual é a contribuição que a nossa vida prestou ao Reino de Deus?”
No Salmo 145:1-4 e 10-13 lemos sobre a atitude de Davi para com o Reino de Deus, e no Salmo 96:3-6 ele nos fala de um reino glorioso, de Deus em todo o Seu triunfo e poder, do Reino como sendo um reino eterno e como aquele que há de ser proclamado dia após dia a todas as nações. Neste texto temos a visão mundial de Davi. Ele lembrava das promessas feitas a Abraão que “na semente de Abraão todas as nações seriam abençoadas” (Gn 12:3) e percebeu que isto iria cumprir-se na sua vida e na sua semente.
Vamos pensar, primeiramente, na glória do Reino de Deus. Todas as vezes que fazemos a “oração do Pai Nosso” dizemos: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre” (Mt 6:13). Será que o nosso coração se empolga quando pensamos no Reino de Deus e sua glória? Davi pensou no Reino de Deus como um reino eterno, um reino que jamais passaria, o qual é descrito na epístola aos Hebreus como um reino que não pode ser abalado. O autor dessa epístola contrasta a natureza eterna do Reino de Deus com a natureza temporal dos reinos terrenos.
Estamos vivendo dias em que todos os reinos políticos do mundo estão sendo abalados. Ouvimos sobre a revolução na China, das demonstrações públicas na morte de Mao Tsé Tung e de seu sucessor; a revolta dos estudantes em Seul, na Coreia do Sul; a queda do governo comunista em diversos países. Constantemente ouvimos da queda de um governo e do levantar-se de outro. Vivemos dias em que os impérios econômicos têm sido abalados e percebemos que até mesmo o império de nossas próprias vidas, nossa segurança e saúde, pode e está sendo abalado. Todas as coisas estão sofrendo mudanças. A única realidade eterna é o Reino de Deus. A tragédia de nossos dias é que homens e mulheres estão olhando para os impérios e para os poderes terrenos ao invés de voltarem os seus olhos para este Reino Celestial (Mt 6:33).
No tempo da Revolução Chinesa podia-se ouvir até as crianças dizendo: “Não adorem os céus, não adorem a terra, adorem apenas os esforços humanos”. Esta é a grande idolatria humana, a adoração ao homem e ao seu poder, ao invés da adoração a Deus. Em 1950, o governo chinês convidou os pastores para uma reunião e disse: “Suas igrejas podem continuar no templo atual” e acrescentou: “Mas lembrem-se que um dia elas irão secar e morrer”. É interessante notar que essas pessoas que têm escrito ou declarado o obituário das igrejas têm falecido ou desaparecido, mas as igrejas têm se fortalecido e florescido. Muitos líderes chineses já se foram, mas, em meio àqueles anos de perseguição e sofrimento, o povo de Deus permaneceu firme. Esta foi a visão que Davi teve, a de um reino eterno.
Outro personagem do Velho Testamento que viu, de modo ainda mais claro, o propósito de Deus para Seu Reino foi Daniel. Ele estava num contexto profético, ainda que seu trabalho fosse de natureza civil. Ele viveu num período de trevas para o povo de Deus. Jerusalém havia sido destruída e o povo de Deus levado cativo. Daniel estava vivendo na corte de um rei pagão e ao redor dele estavam os exilados do seu próprio povo, a maioria deles havia perdido a visão e a fé. Contudo, Daniel tinha a visão do que Deus faria através do Seu Reino e, por toda a sua vida, o único propósito dele era fazer com que os governantes de seus dias reconhecessem o Reino de Deus. A gente se lembra como Nabucodonosor foi obrigado a admitir que “o Reino de Deus era sempiterno, e o seu domínio de geração em geração” (Dn 4:3b), e Dario, o Medo, em Daniel 6:26, disse: “(…) porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu Reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim”. Este foi o grande propósito na vida de Daniel em meio aos idólatras de seus dias. Por causa disso, muitas vezes ele esteve exposto ao perigo. Sua influência levava homens e mulheres a confessarem a Deus como o único Deus vivo. O próprio Daniel teve uma compreensão do que seria o Reino de Deus no futuro, seu desenvolvimento e sua implantação. Em Daniel 7:13-14 e 27, ele nos fala da vinda do Messias. Eu creio que o correspondente deste texto no Novo Testamento é o que Jesus disse em Mateus 24:14 – “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”. São essas palavras que têm influenciado muitos servos de Deus a irem proclamar o evangelho por todo o mundo.
Em abril de 1987, Deus me deu a grande oportunidade de visitar Israel. Lembro-me quando, assentado no Monte das Oliveiras, de frente para a Porta Dourada que dá entrada para o templo (esta porta está fechada com tijolos e, segundo os estudiosos, ela não será aberta até que o Libertador o faça pessoalmente), vieram à minha mente as palavras do Salmista Davi: “Levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória” (Sl 24:9b). Lembrei também das palavras ditas a Davi quando derrotou Absalão: “Por que vos calais, e não fazeis voltar o rei?” (2 Sm 19:10) e em minha mente, era como se essas palavras tivessem este sentido: “Preguemos o Evangelho para que, assim fazendo, estejamos trazendo de volta o Rei e estabelecendo o Seu Reino”. A evangelização mundial está sempre ligada à promessa da vinda do Rei.
Daniel tinha essa visão do Reino e ela marcou sua geração. Podemos encontrar uma visão do Reino hoje?
Cremos que Deus está agindo de maneira especial na Sua Igreja e em Seu Reino. O Senhor Jesus Cristo é o grande Rei e Ele está no Trono! Temos falado e cantado muito sobre o Reino, mas será que estamos fazendo o suficiente para que homens e mulheres possam compreender o significado do Reino de Deus? Será que estamos sendo usados por Deus para influenciar essa geração? Deus nos dará essa visão se a buscarmos de todo o nosso coração.
Quatro princípios que devemos seguir:
Podemos deixar uma marca nesta geração ao vivermos uma vida dedicada ao Reino de Deus, assim como Davi e Daniel fizeram em suas épocas. Nossa contribuição ao Reino deve ser contínua e refletir nossa fé, oração e visão do futuro. Que possamos ser instrumentos de Deus para cumprir Seu propósito em nossa geração.
É ministro do Evangelho, bacharel em Teologia, mestre em Missões e Estudos Transculturais pelo All Nations Christian College (Inglaterra). Especialização em Pregação Expositiva pelo Cornhill Training Center (Londres) e Stephen Olford Centre for Expository Preaching (Memphis, TN, USA).
Funcionamos com sede em Belo Horizonte desde 2004. Fomos contemplados com o cuidado do Senhor Jesus Cristo, que vem nos fortalecendo dia a dia. Temos a certeza de que este projeto veio dEle e existe somente para Sua honra e glória.
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